Salve, galera! As últimas semanas foram corridas, tensas, e mais um pouquinho. Faculdade matou, aulas de Legislação mataram, fui dispensado do Exército Brasileiro (OH GLÓREAS), e tava estudando pro concurso pra estagiário do Ministério Público do Trabalho. Salário bom, com apenas uma vaga, a gente não pode desperdiçar. Soma-se a isso o fato de eu estar ensaiando com o coral da minha igreja direto, uma vez que temos apresentação marcada no aniversário da igreja. Portanto, tá russo! Mas como a gente sempre arruma tempo pra escrever, hoje tem resenha! :D
O livro de hoje chama-se "O Rio Comanda a Vida", e foi escrito pelo amazônida Leandro Tocantins. Digo que o rapaz é amazônida porque nasceu em Belém, passou a primeira infância no Acre, viveu em Manaus e vivia viajando pelo Norte do Brasil. Foi representante do Governo do Estado do Amazonas no Rio de Janeiro durante o governo do professor Arthur Cezar Ferreira Reis. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais, o rapaz foi um dos autores do projeto da Zona Franca de Manaus, em parceria com o governador Arthur Reis e Arthur Amorim.
Autor do livro Santa Maria de Belém do Grão-Pará e de outros títulos que fazem referência à Amazônia, Leandrão escreveu O Rio Comanda a Vida em 1952, quando tinha apenas 21 anos (aaaaah, desgramado!). A primeira edição do livro foi lançada pela Editora A Noite, chefiada pelo poeta Cassiano Ricardo. Desde lá, foram lançadas nove edições, a última, em setembro de 1998. Saiu de circulação há muito tempo. A versão que tenho é xerocada, emprestada do prof. Allan Rodrigues. Claro que isso não faz o livro perder o seu valor intelectual, né?
No livro, Tocantins fala sobre o Rio Amazonas em toda a sua extensão, desde quando ele nasce Maranon, na América Hispânica, até a Ilha de Marajó. Mas não é só do rio e de suas características geográficas e etc., não. Don Leandro fala de como ele influencia na vida de quem mora às suas margens. Do caboclo que tira o seu sustento dele, do regatão que por ele navega, das cidades que estão às suas margens.
Tocantins destaca no livro o descobrimento e as navegações que se fizeram no Rio Amazonas. A primeira foi a do espanhol Francisco de Orellana, lá pelos idos de 1500. Orellana saiu de Guayaquil, no Equador, passou por Iquitos, no Peru, e entrou nas atuais terras brasileiras. Daí, subiu todo o Amazonas, passando por Mariuá, São José da Barra do Rio Negro, Nhamundá (onde teve um "agradável" encontro com las icamiabas, a quem chamou de "amazonas" [ressalte-se que foi daí que veio o nome do rio]), Parintins, Santarém e Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Mariuá hoje é Barcelos, São José da Barra do Rio Negro é Manaus, e Santa Maria de Belém do Grão-Pará é a cidade de Belém. À época de Orellana, ainda não existiam.
O autor também cita na obra as lendas, mitos, festas folclóricas e agricultura das cidades do Rio Amazonas. Fala da origem do Boi-Bumbá de Parintins, do Círio de Nazaré celebrado em Belém, da festa do Divino Espírito Santo, e de outras celebrações regionais. Engana-se quem pensa que o livro só fala de cultura. Também fala sobre a geologia, a hidrografia, a cronologia das formações rochosas da Amazônia, e por aí vai.
Ao final do livro, Leandro faz um apanhado dos problemas por quais passa a Amazônia em si. À época, empresas estrangeiras queriam comprar a Amazônia e fazer dela um terreno de experiências científicas. Ele se preocupa porque os jovens e até os outros governantes não se preocupavam. Lembremos que o livro foi escrito em 1952. Logo depois disso, o Governo Federal resolveu olhar para o Norte do Brasil. O general Humberto de Alencar Castelo Branco foi um dos primeiros que cuidaram do Comando Militar da Amazônia. O presidente Juscelino Kubitschek criou a SPVEA. Finalmente, em 1967, em lugar do Porto Franco de Manaus, foi criada a Zona Franca de Manaus, inaugurada pelo presidente general Artur da Costa e Silva.
Resumindo a ópera: O Rio Comanda a Vida é um livro feito para se entender a Amazônia e entender o nosso lugar nela. Todos somos parte disso, e devemos lutar pelo seu desenvolvimento, sem a intervenção de ninguém. Afinal, essa é a nossa terra. Terra do nosso país!
Lucas Vítor Sena