domingo, 12 de outubro de 2014

Quando o racismo ultrapassa os gramados

Quantas vezes nós presenciamos casos de racismo no futebol? Citamos, como exemplo, Mario Balotelli, atualmente do Manchester United, e Daniel Alves, do Barcelona, que sofreram racismo na Europa. Recentemente, o goleiro Aranha, do Santos, foi hostilizado por uma torcedora do Grêmio, o que gerou várias represálias à moça, gaúcha e branca. Prato cheio para a galera dos Direitos Humanos.

No entanto, o que me deixa mais triste é que o racismo entre torcidas é o mais constante. Todos nós sabemos que existe a zoeira. E pelas leis internéticas, a zoeira nunca acaba. Mas quando a zoeira ultrapassa os limites da Internet, precisa ser contida.

Hoje, pela Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, aconteceu o jogo Flamengo x Cruzeiro. Flamengo, em 10° lugar, deu uma sova de 3x0 no Cruzeiro, líder isolado do campeonato. Até aí, tudo bem. Flamengo comemora, Cruzeiro chora, mas recupera. Continua sendo líder isolado. Mas o que aconteceu aqui em Manaus foi bem pior.

Tenho um grande amigo da faculdade, com quem faço meus trabalhos e com quem já fui ao Intercom Nacional desse ano pra trazer um prêmio do Expocom Nacional. É amazonense de nascimento, mas mineiro de coração. Hoje, ele e a família foram hostilizados demais pelo simples fato de serem cruzeirenses. Seu pai é mineiro, e como todo bom mineiro, herda e passa pro filho a paixão pelo time.

Depois do jogo, eu ia zoá-lo. Ele devia estar na procissão de Nossa Senhora de Aparecida prestando homenagens à Padroeira do Brasil, e eu achava que não assistira ao jogo. Ele me contou que quando chegou em casa pra assistir ao jogo, algumas pessoas viram uma bandeira do Cruzeiro pendurada na parede de fora da casa e começaram a tacar ovos na casa. Além disso, tem sido atacado constantemente desde o jogo, com mensagens que diziam que seu pai deveria voltar para Minas Gerais, pois veio pra Manaus pra roubar os empregos dos amazonenses.

Eu pergunto, meus senhores: somos animais? Me respondam, com toda a franqueza. Somos animais? Porque a atitude que tomaram e ainda estão tomando contra o rapaz é a mais animalesca possível. É racismo! É discurso de ódio, como gostam de falar! Preconceito baseado em naturalidade é o pior tipo de preconceito que se pode ter. Vide o que fizeram Hitler, Stálin, Tito, Milosevic e Ceausescu.

Enojam-me, sinceramente, atitudes como essa. Quando é que vamos parar de julgar uma pessoa a partir do time que torce e vamos julgá-la pelo seu caráter e atitudes? Quando é que vamos criar vergonha na cara e parar com esse maldito ódio entre times e torcidas?! Somos rivais? Somos! Precisamos hostilizar? Não! Marcelo Moreno, Éverton, Eduardo da Silva e Alexsandro não vem de Belo Horizonte ou do Rio de Janeiro pra pagar nossas contas.

Fomos, na Criação, dotados por Deus de consciência e poder de discernimento. Que tal usarmos um pouco desse poder de discernimento? As rivalidades Cruzeiro x Atlético-MG, Flamengo x Vasco, Internacional x Grêmio, Corinthians x São Paulo, Santos x Palmeiras sempre irão existir. Cabe a nós agirmos com consciência e não nos deixar levar pelas emoções. Oxalá possamos voltar a agir como humanos. Do contrário, vamos agir sempre como animais, já que atitudes assim são tomadas só por animais.

Lucas Vítor Sena

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