quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Direito de resposta

Se você não sabe o que é isso, explico: suponhamos que O Estado de São Paulo publicou uma notícia que ataca diretamente, com toda a verdade possível, a campanha da presidente Dilma Rousseff. A presidente se sente ofendida e evoca na Justiça o seu direito de resposta à notícia veiculada pelo jornal, que deverá ser publicado no próprio jornal ou em tempo da campanha do adversário.

Pois foi justamente isso o que aconteceu hoje. Há alguns dias, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma notícia muito boa, que dizia que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), ou, simplesmente, Correios, abriu exceção pra distribuir panfletos da campanha de Dilma Rousseff à presidência da República. Hoje, a campanha de Dilma entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral para pedir direito de resposta, alegando que nada disso aconteceu, e etc e tal.

Pergunto: cadê a democracia? A democracia tão pregada nas aulas de Filosofia, Sociologia e História no Ensino Médio e nas nossas aulas de História do Jornalismo (Fundamentos do Jornalismo e das Relações Públicas, no nosso caso), Sociologia da Comunicação, Fundamentos de Direito Aplicado ao Jornalismo, Introdução à Filosofia, e tantas matérias afins? Ao que eu saiba, democracia não é só dar direito para que o outro fale, mas sim, aguentar o que ele tem a dizer, mesmo que seja duro. E pelo o que eu sei, político, em tempos de campanha eleitoral, nem pode se manifestar tanto assim. Político bom, pelo o que eu sei, aguenta críticas calado. E da imprensa, então, nem se fala. Pedro II é o maior exemplo disso. Em tempos de Monarquia, os jornais da Capital Imperial atacavam Sua Majestade todos os dias. E nunca se soube que Sua Majestade mandou a Guarda Imperial fechar as sedes dos jornais do Rio de Janeiro.

No entanto, a Ditadura Militar no Brasil o fez. E foi condenada por isso. E na União Soviética, quem atacava Stalin por meio de um "projeto" de jornal (já que o único existente era o Pravda) era duramente punido com o fechamento do jornal, censura, gulag na Sibéria e até morte. Em Cuba, se alguém publica algum jornal que critica a Fidel, a Raul, o PCC e até mesmo a Revolução Cubana, é preso, já que o único jornal que deve existir em Cuba é o Granma, editado pelo Partido Comunista Cubano. E pelo visto, Dilma quer fazer a mesma coisa no Brasil. Há alguns meses, mandou Thomas Traumann, secretário de Comunicação Social da Presidência da República, dar um jeito de calar Rachel Sheherazade, do SBT. E foi o que aconteceu.

Na minha opinião, político tem que aguentar porrada sim, e calado. Não quero ser radical ou preconceituoso. Sou estudante de Jornalismo, e tenho analisado não só no âmbito regional, mas também no nacional, o que vem acontecendo. E por isso é que eu repito: em época de campanha eleitoral, político tem aguentar porrada sim. E calado. Senão, como é que ele vai aguentar porrada da imprensa pelos próximos quatro anos?

Direito de resposta, pra mim, não se mostra em documento. Direito de resposta, pra mim, se consegue com trabalho. O direito de resposta de Dilma deve ser o trabalho que ela faz em prol do país. No entanto, Mariel está lá, bem edificado em Cuba, enquanto as universidades federais brasileiras padecem com falta de recursos para pesquisas e infraestrutura. Não vou longe. O maior exemplo está a uns 5,0km de mim. Chama-se Universidade Federal do Amazonas.

Fundada em 1909, a primeira escola universitária do Brasil hoje conta com as seguintes unidades: Instituto de Ciências Humanas e Letras, Faculdade de Estudos Sociais, Faculdade de Direito, Escola de Enfermagem de Manaus, Faculdade de Tecnologia, Faculdade de Educação, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Medicina, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Faculdade de Ciências Agrárias, Instituto de Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Exatas, Instituto de Computação e Faculdade de Psicologia, além dos campi do interior do Estado. Muito em breve, contará com a Faculdade de Informação e Comunicação, que será desmembrada do ICHL. Todas essas unidades acadêmicas padecem de recursos para pesquisa e infraestrutura. E no entanto, Dilma Rousseff está preocupada em conseguir um direito de resposta pra responder O Estado de São Paulo à altura.

Por favor, senhora presidente. Se a senhora não aguenta apanhar de um jornal ou de qualquer veículo de comunicação, não se candidate à Presidência novamente. O Brasil precisa de uma pessoa que tenha pulso firme. Precisa de alguém que se preocupe com nossas instituições, e não as saqueie violentamente como faz o PT. O Brasil precisa de alguém que não precise de direito de resposta, uma vez que o seu trabalho é a sua resposta à acusações infundadas. Resumindo: o Brasil não precisa mais da senhora, presidente Dilma. A senhora não tem pulso e nem capacidade pra gerir o Brasil.

Lucas Vítor Sena

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