quarta-feira, 24 de setembro de 2014

[RESENHA] A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira, de Sidney Garambone

Eu disse que além de falar sobre política, iria falar sobre algumas outras coisas por aqui também.

Galerinha, um dos planos que eu tenho é publicar, nesse blog, algumas resenhas de livros que eu tô lendo. O primeiro deles é o "A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira", do talentosíssimo Sidney Garambone. Garambone é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ele foi correspondente do Jornal do Brasil em Paris, assinou coluna no O Globo, foi chefe da sucursal da IstoÉ no Rio de Janeiro, cobriu a Copa do Mundo da França, em 98, a Copa do Mundo do Japão, em 2002, e as Olimpíadas de Atenas, em 2004. Resumindo, o cara é fera. Sem mais detalhes.

Onde eu consegui o livro? Bem... sabem o Intercom Foz 2014? Então... eu e o Felipe, um amigo da faculdade, fomos para Foz do Iguaçu pra apresentar nossos trabalhos e lá assistimos a palestra do Garambone, que era o mesmo tema do nome do livro, com mediação do prof. Allan Rodrigues, meu orientador (que me fez uma bela vergonha no meio de todo o Auditório da UDC ¬¬'). No final, ele abriu pra platéia perguntar e responder algumas perguntas dele. Perguntei, respondi e acabei ganhando o livro. Autografado, de quebra.

Segue algumas fotos (amadoras, OK?) da palestra do Garamba:

Garamba falando pra galera no Auditório Elias Hauagge, na UDC.
Garamba falando pra galera. Ao fundo, prof. Allan Rodrigues.
Garamba e um amazonense futuro correspondente internacional
Livro autografado pelo Garamba
A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira.



















Pois bem. O livro, como o próprio nome já diz, conta a relação entre a nossa querida imprensa tupi-guarani e o primeiro grande conflito armado do mundo no século XX: la Primera Guerra Mundial. No livro, Garambone não só faz uma análise da atuação da imprensa brasileira durante o conflito, mas do próprio modo brasileiro de fazer jornalismo entre 1900 e 1920, que mudou drasticamente. Segundo ele, perdeu-se o jornalismo romântico, das críticas, das poesias, da literatura, e adotou-se o jornalismo de notícias, que fomentaria a opinião pública.

Ainda o livro conta sobre como os jornais brasileiros começaram a relatar a Guerra. O livro é uma adaptação da dissertação de mestrado do Garambone, e pra fazer as análises, ele escolheu os jornais Correio da Manhã e Jornal do Commercio, sendo que existiam no Rio de Janeiro de 1914 nada mais nada menos do que SETE jornais. Isso mesmo, SETE. Não dá pra analisar os sete, então ele pegou apenas dois e edições específicas disso.

Pra se ter uma noção, o jornal que deu um pouco mais de destaque ao início da guerra, em 28 de junho de 1914, foi o Jornal do Commercio, com a notícia do assassinato do príncipe Francisco Ferdinando e da princesa Sofia, na edição 29 de junho de 1914, ocupando um bom espaço na primeira página. Ao contrário do Correio da Manhã, que dedicou meras linhas na quarta página do jornal, na seção de Telegramas. A partir de 30, 01 de julho e todos os outros dias, esses dois jornais passaram a fazer a cobertura brasileira da guerra, a partir de notícias que chegavam via telex da Havas, da American e depois da boa e velha Reuters.

No livro, o Garamba conta que antes de o Brasil entrar realmente no conflito, as notícias que chegava de Berlim, Paris, Viena e Belgrado ficavam sempre lado a lado das notícias da capital da República. No entanto, à medida que 1917 ia chegando e os alemães torpedeavam embarcações brasileiras no Oceano Atlântico ou até mesmo em águas brasileiras, os jornais começavam a clamar a Venceslau Brás, presidente da República, e ao Ministério das Relações Exteriores, chefiado por Lauro Müller, que o Brasil declarasse guerra ao Império Alemão, o que de fato aconteceu. Aliás, vocês sabiam que o Brasil participou da guerra apenas com o envio de uma missão médica, que patrulhava o litoral africano? E que alguns dos brasileiros que foram mandados morreram por causa da gripe espanhola? E que o Uruguai foi o único país além do Brasil a declarar estado de guerra contra a Alemanha? Pois é.

Em resumo: A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira é um livro muito bom. Fundamental pra quem quer entender um pouco da transição entre o jornalismo literário e o jornalismo de notícias mesmo. Recomendo não só para a área de História do Jornalismo, mas também pra área de História Geral e do Brasil. Gosto de dizer que nossa imprensa é que conta nossa história. Esse livro é um excelente exemplo.

Lucas Vítor Sena

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